segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Curta metragem Paperman da Disney

Excelente filme, que só podia ser da Disney. Reparem os personagens com característicos espanhóis, para agradar este numeroso público que ganhou muito terreno nos States.


sábado, 17 de dezembro de 2011

Samsara

Samsara é uma produção indiana, mas que à primeira vista parece chinesa.

Todo mundo tem um estereótipo do indiano de baixa estatura e olheiras e do chinês de olhos puxados. Este filme mostra indianos de olhos puxados e oblíquos e mulheres que também parecem misturar os dois tipos, mas com predomínio do tipo atribuído às chinesas. Tanto a China quanto a Índia são como o Brasil, com variações tipológicas dos indivíduos.

O monge do filme, como quase todos os outros, foi deixado (e não levado) no templo, aos cuidados do mestre, bem criança (por volta dos dois anos), para ser educado no completo ascetismo.

A meditação de 3 anos

O início do filme mostra os seus companheiros de templo resgatando-o de um cubículo onde ele ficou meditando 3 (três) anos sem comer e sem beber, vejam só. Ele ficou em um estado de hibernação, como um animal, completamente afastado do mundo, dos problemas, das dificuldades, ou seja, da vida. A pessoa assim não ficou realmente meditando, e sim ficou MORTA.

Os seus companheiros cortam seus cabelos e unhas, crescidos tanto quanto o metabolismo permite em abandono total, banham e vestem novamente este monge.

A volta ao templo

De volta e recuperado, o monge passa a ter poluções noturnas, compensação pelo seu desejo sexual que não mais se contém em seu corpo biológico e que clama por um pouco de prazer. Seu mestre se preocupa com isto sobremaneira.

Agora, parem e pensem um pouco conosco. Como é que depois de um longo período de meditação, prática destinada a afastar pensamentos em demasia da mente, para mantê-la calma e limpa, um praticante deste exercício pode ser perturbado pelos pensamentos de prazer (os quais deveria estar acostumado a deixar passar sem que lhe deixassem efeito prático) e sucumbir a eles, deixando a consequência visível da polução noturna ?

Aí está a falácia, a contradição e a mentira da meditação: a crença de que é capaz de anular os efeitos de nossa natureza que busca o prazer.

O abandono da vida ascética

Em vista destes processos que estão em ebulição na sua mente e no seu corpo, o monge comunica ao seu mestre que vai embora. E sua justificativa é bem humana. Ele diz ao mestre que o oríncipe Siddarta (o Buda), só foi procurar a iluminação após anos de vida desfrutando de prazeres mundanos.

O casamento

No templo, os olhos do monge haviam se encontrado com os olhos de uma camponesa, que por um ou outro motivo havia passado pelo templo. Nele se despertou a paixão. Novamente perguntamos como é que um indivíduo que passou 3 anos em meditação profunda podia assim ceder a paixões do desejo associado à carnalidade.

Ao procurar seu sustento, ele encontra a camponesa, agora vindo a saber que era filha de seu atual patrão. Ele então se casa com esta camponesa.

A vida no trabalho

Não vamos tecer detalhes, pois estão no filme, mas os fatos da vida, inclusive traições dele contra a sua esposa, vão chateando o monge, que vindo de uma vida ascética, não foi preparado para resistir às frustrações da vida. O mesmo podemos dizer de muitos frades, padres e freiras que vivem em conventos, com garantias de assistência e socorro pela igreja católica.

O casamento é a experiência mais desafiadora que homem e mulher podem viver.

Sendo assim, enquanto esposa e filho dormem, o covarde monge vai embora.

O encontro

No meio do caminho, a esposa o está esperando, pois veio a cavalo. Então ela o encara. Ele diz que tem que voltar para o lugar de onde veio: o templo. O templo é seu berço, é seu útero, onde se sente protegido das paixões e frustrações para as quais não está preparado.

A lição da esposa

Neste final do filme, a esposa pergunta ao seu esposo, que a abandonou, nosso monge, se conhecia Yashodara. Ele diz que não. Então ela explica que o nome que ele não conhece é da mulher do Buda. Ao mesmo tempo lhe pergunta se alguém neste mundo, tão entusiasmado com o pressuposto desapego hipócrita de Siddarta Gauthama (o Buda), se importava com o destino daquela mulher, deixada para trás com o filho.

Pela primeira vez, na literatura ou nos filmes, vi abordarem esta face hipócrita do budismo, esta propaganda de uma idéia egoísta, onde um homem, VIOLANDO a sua promessa de casamento, de união, de companheirismo, abandona TUDO, até a honra de sua promessa, para procurar a tal iluminação, que não passa de um mergulho no próprio ego solitário, para se engrandecer e ACHAR que atingiu um nível muito alto de capacidade de compreensão humana.

Ele então se ajoelha e chora, e o filme não deixa claro para qual lado ele foi.

Nossa opinião

O filme é "prá lá" de excelente. Ele dá uma perspectiva do outro lado do budismo: o lado que foi abandonado. Ele mostra a vaidade que é a vida ascética, uma vida covarde de gente que diz que "se afasta do mundo para ajudá-lo". Como pode ser isso ? Quem pode acreditar neste sofisma ?